31/07/2015

contágio

a rotina diária é o que ela é - uma rotina diária. o problema destas é que deixam de ser facilmente largadas, contagiam a vida. que significa isto, por outras palavras?

mais um dia das nossas vidas. mais um acordar, um viver, um dormir. mais um tempo em que tentamos, conseguimos, falhamos. mais um dia de conquistas e derrotas. simplesmente mais um dia ou será algo mais? uma pergunta que deveria ser fácil de responder: qual foi a primeira coisa que fizeste ao acordar? e a que horas conseguiste sorrir pela primeira vez?
se há algo que perdemos ao longo dos dias é a capacidade de sentir. sim, o que nos é próprio, o sentimento, fica cada vez mais entorpecido ao longo da vida. é fácil encontrar um exemplo para tal: quantas vezes sorris por sorrir? e quando eras criança? perdemos capacidades que nos são inatas, ganhamos medo de sentir, entramos numa rotina vertiginosa de escapar ao sentimento em geral e ficamos tão profissionais em tais coisas que, quando vemos alguém a sentir, olhamos de lado, como se fosse, todavia, contagioso. será?
comunicação, por exemplo. em tenra idade descobrimos partes do que somos e partes do que queremos ser, acabando por alterar todas as outras para que se adaptem a estas. para quê? que tolices fazemos por devaneios mentais que temos. nem todos comunicam da mesma maneira mas há uma linguagem universal - ou erro muito? quando surge a felicidade algures vê-se que esta se alastra para outros, não importa o motivo desta. não precisamos falar todos com todos, não precisamos tocar em todos mas quando aquele olhar se cruza aquele sorriso se nota - aí nota-se que conseguimos comunicar com alguém, que nos conhecemos melhor e deixamos que nos conheçam ao mesmo tempo - ou isso ou um desejo disso, claro, um pedido silencioso para algo.

não sei se preciso fazer dois mais dois, mas cá vai.

hoje comecei o dia com um sorriso. não saiu bem, claro, foi o primeiro dia - custa! - mas sei que amanhã será melhor. o que aconteceu? nada de errado! aliás, tudo correu melhor que o normal. a meio do dia já sorrira muitas mais vezes, elogiei até mesmo as pessoas, brinquei com algumas - criancices controladas - e ao fim do dia posso dizer que cruzei olhares intencionais, que toquei em pessoas sem sequer tocar. e, na verdade, posso dizer uma coisa que quase nunca se consegue dizer: gerei alegria, sorrisos, felicidade. quantas vezes dissemos isso na vida? não será esta a hora de dizer a alguém "és bonito/a", "estás muito bem assim" ou, foda-se, mesmo à pedreiro, "és toda boa"? o que há de errado com isso?

o problema é que nos tornamos apáticos, quase inanimados, e começamos o dia a pensar que amanhã virá outro. poderá vir, sim. mas hoje já o perdeste. só por pensar assim. j.s. dizia "não tenhamos pressa, mas não percamos tempo" e, na verdade, tudo o que fazemos hoje em dia é perder o tempo com merdices, com fantasmas, com chamas mortas. que tal contagiar o mundo de hoje, só hoje? qual será o mal? um mundo melhor?


sorri pá. qual é o stress?

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